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Os Pentecostais e a importância em falar em línguas – Parte 2



Falar em línguas é uma prática bíblica que traz edificação espiritual. As Escrituras fazem alusão veterotestamentária do dom de línguas. A primeira referência bíblica é a Torre de Babel (Gênesis 11). No início desse capítulo, os descendentes de Noé se unem para construir uma cidade e uma torre que alcance os céus. Seu objetivo é fazer um nome para si mesmos e evitar serem dispersos pela terra. No entanto, Deus intervém: Ele confunde a língua das pessoas, tornando impossível a comunicação entre elas. Como resultado, a humanidade é dispersa pela terra, e a construção da torre é interrompida.

A cidade é chamada de Babel, que significa “confusão”, em referência à confusão das línguas. Alguns questionam a relação entre a Torre de Babel e o Pentecostes, se são acontecimentos diferentes. Embora sejam eventos distintos e com propósitos diferentes. Podemos destacar dois pontos em comum: a ação sobrenatural e a disseminação das línguas. Ambos os eventos têm a iniciativa de Deus para intervir nas situações. No primeiro evento, a Torre de Babel, Deus intervém porque todos estavam reunidos em rebeldia contra Ele. As línguas foram uma forma de impedir o orgulho deles e forçá-los a se dispersar por toda a terra. No segundo evento, a Festa de Pentecostes, Deus começa a cumprir a profecia de Joel com a descida do Espírito Santo. As línguas faladas são o sinal da manifestação do poder do Espírito Santo. Embora sejam eventos distintos, ambos relatam intervenções divinas nas vidas das pessoas.

Em Números 11:14-26, encontramos outra narrativa do Antigo Testamento sobre falar em línguas. O povo israelita estava murmurando de forma generalizada, e Moisés, o líder, diz ao Senhor: “Eu sozinho não posso levar a todo este povo, pois me é pesado demais ” (Números 11:14). Nos versículos 16 e 17, Deus responde: “Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que saber anciãos e superintendentes do povo; e os trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali contigo. Então descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles: e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente” (Números 11:16 e 17). Os versículos bíblicos deixam claro que Deus capacitariam homens para ajudar Moisés na tarefa de liderança. No versículo 25 diz: “… e aconteceu que, quando espírito repousou sobre eles, profetizaram; …” (Números 11:25). Segundo o batista carismático Zwinglio Rodrigues, “o fenômeno tinha um caráter de sinal da vinda do Espírito sobre aqueles homens” (RODRIGUES, 2016, página 26). Mesmo sendo um período em que o Espírito Santo era concedido em medida, a ação carismática estava presente no Antigo Testamento. As experiências extáticas não foram exclusivas do Novo Testamento. No capítulo 11 de Números, versículo 26, Eldade e Medade profetizaram no acampamento. Podemos concluir que, além dos setenta anciãos, mais dois indivíduos também falaram em línguas.

Na narrativa sobre o fenômeno das línguas em Cades-Barneia, o teólogo Gordon J. Wenham afirma que “a profecia descrita aqui foi provavelmente um enunciado ininteligível feito durante um êxtase, fenômeno que o Novo Testamento chama de falar em línguas, e não a enunciado inspirada e inteligível dos grandes profetas do Antigo Testamento e dos profetas anônimos da igreja primitiva” (WENHAM, 1985, página 116).

O teólogo conclui que essas experiências carismáticas no Antigo Testamento são semelhantes às do Novo Testamento. Afirmações de que essas experiências são exclusivas do período dos apóstolos são equivocadas e limitam a ação do Espírito Santo a um grupo e período específicos. Saul é outro exemplo que obteve experiência carismática. No versículo 10, diz que “… e o Espírito de Deus se apoderou dele, e profetizou no meio dele” (1 Samuel 10:10). É mais uma prova que o Espírito Santo capacitou Saul para exercer o reinado em Israel.

Essa capacitação envolveu a experiência êxtase na vida de Saul. Infelizmente, o seu reinado não foi positivo diante do Senhor. Saul é um exemplo negativo de alguém que, apesar de ter sido escolhido por Deus e capacitado pelo poder do Espírito Santo, ainda pecou, desobedeceu a Deus e foi rejeitado por Ele. O exemplo do Rei Saul não deve desmotivar a busca pelo poder do Espírito Santo. O Novo Testamento e a Igreja Primitiva vivenciaram experiências pentecostais que marcaram a diferença em sua geração. Sobre isso, discutiremos no próximo artigo!

Referências bibliográficas:

RODRIGUES, Zwinglio. Um estudo sobre o fenômeno da Glossolália. São Paulo: Editora Reflexão, 2016.

WENHAM, Gordon J. Números: introdução e comentário. São Paulo: Mundo Cristão, 1985.

 

Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Os pentecostais e a importância em falar em línguas – Parte 1



FONTE: GUIAME


31/07/2024 – Destak Gospel

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