Você já deve ter ouvido que “ciência e fé não se misturam”. Infelizmente esta máxima foi e é amplamente divulgada nas conversas informais, em análises realizadas por repórteres e também (o que é muito pior) por muitos professores em sala de aula nas universidades e colégios do nosso país.
Pior que isso, são as falsas impressões e até afirmações de que cristãos fervorosos não podem pensar cientificamente e fazer ciência ou, ainda, de que cientistas não creem em Deus ou não professam uma fé.
Em nossa sociedade pós-moderna, vemos no dia a dia, os ideais desenvolvidos na era moderna já solidificados no ideário popular, e estes ideais propagam a ideia de que “pessoas especialmente inteligentes” os “cientistas” ou ainda, mais recentemente, a própria “ciência” provou que Deus não existe. A este conceito chamamos de “materialismo” ou “materialismo histórico”.
A questão é que “a ciência” não provou que Deus não existe, tanto quanto não provou que Deus exista, visto que esta verificação está distante da capacidade técnica da ciência, visto que todas as ciências carecem de um objeto específico de estudo, e Deus não é um corpo ou fenômeno observável para que seja então objeto a ser estudado.
Faço aqui um parêntese para definir o objeto de estudo da ciência a que chamamos de “Teologia”. Por definição etimológica, “Teos” refere-se a “Deus” e “logos” refere-se a estudo ou conhecimento. Assim, por definição, “Teologia” significa “estudo de Deus”, entretanto, como já vimos, Deus não é alguém ou algo a ser estudado! Não é possível submeter Deus a uma biópsia ou a uma autópsia!
Bem, parêntese feito, e se eu lhe dissesse que aproximadamente 75% dos ganhadores do Prêmio Nobel de Química, Física e Medicina criam em Deus, sendo eles majoritariamente cristãos ou judeus? E se eu lhe dissesse que as Universidades de Harvard e Oxford foram fundadas por cristãos, tendo a Teologia como suas primeiras e principais áreas de pesquisa?
E se eu lhe dissesse que a maior parte das publicações de Isaac Newton não foram sobre física ou o movimento dos corpos, mas sobre… teologia!!!
Pois bem, a luz elétrica que você está utilizando agora, a eletricidade, os circuitos eletrônicos, as concepções físicas da matéria, a exploração espacial, e até alguns princípios da psicologia moderna passaram pelas mãos de cristãos ou judeus, de tal forma que, caso os cientistas que professaram uma fé judaico-cristã fossem retirados do rol de cientistas, dificilmente teríamos o estilo de vida social e tecnológico que temos hoje.
E qual pode ser o impacto prático destas verdades em nossa vida prática? Bem, em primeiro lugar é importante compreendermos que Deus não é um ser distante, desatualizado, desconectado e alheio em relação a história e a vida humana. Deus é eterno, porém move-se, e não perdeu, em momento algum, sua soberania sobre todas as coisas que de qualquer forma tangenciem sua criação maior: a humanidade.
A sabedoria aprendeu com Deus, e Deus como um Pai bondoso disponibiliza a fonte do saber a todos que a buscarem diligentemente. Não apenas uma sabedoria etérea, espiritual, mas também sabedoria para transformar os insumos naturais de forma a torná-los cada vez mais úteis à vida humana, ou também, para decodificar a criação de Deus, para recriá-la com as tecnologias que dispomos, como já foi feito com o sonar, o radar, a aerodinâmica, e outras tecnologias que utilizamos em nosso dia a dia, e que foram “criados” utilizando referências da natureza criada por Deus.
Assim, precisamos, filosoficamente, utilizando a lógica, olhar para as coisas criadas, utilizando as chamadas Ciências da Natureza (Química, Física, Biologia as derivações destas grandes ciências), como instrumentos para aprendermos novas e mais eficazes tecnologias, certos de que, neste caminho, encontraremos as marcas do Autor destas obras. Assim como quando olhamos para um quadro, podemos identificar as marcas do autor, também ao olhar para a natureza, utilizando as ciências de forma pura, sem ideologias ateístas, é inescapável encontrar as marcas e as premissas de um Criador pré-existente à matéria e ao tempo, um Criador que não depende em nada desta natureza, não pertencendo a ela em qualquer instância.
Portanto, não há que se ter uma fé desconectada da ciência, e muito menos uma ciência desconectada da fé, desde que estejamos falando de uma ciência desprovida de paixões, e de uma fé genuinamente fundada na certeza de que toda a vida que existe, visível ou não visível obedece à lei da biogênese: “Omne vivum ex vivo” ou, “vida gera vida”, atribuída a Louis Pasteur. Por extensão, vemos que até o reino mineral que, aparentemente, não possui vida tal como entendemos o conceito de vida, existe para propiciar e suportar a vida, assim como todo o universo, com seus planetas, estrelas e sistemas, de forma que as 36 constantes universais estão finamente ajustadas para que a vida exista tal qual a vemos e, se quaisquer uma delas fosse infimamente menor ou maior, a vida não seria possível.
Apenas um Criador extremamente sábio, pré-existente e não material poderia fazer tudo isso!
Marcio Scarpellini é Pastor, Administrador de Empresas, Pedagogo, Cientista Social, Pós-Graduado em Educação, Política e Sociedade, Antropologia, Neurologia Aplicada à Aprendizagem, Psicanálise e Ciências da Religião. Diretor Escolar, professor e palestrante, é casado há 20 anos com a Patrícia e pai do João Pedro e da Manuella.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Redimindo a inteligência para o louvor do Criador