João Batista disse algo muito forte, com a seguinte repreensão às multidões que o seguiam: “O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo”. (Lucas 3:9).
O termo radical vem de raiz, ou seja, sua origem está na palavra latina radix, que significa literalmente “raiz”. Isso sugere que ser radical é ir à raiz de uma questão, lidar com ela em seu nível mais fundamental e essencial. Ser radical implica em não apenas lidar com as consequências superficiais, mas sim abordar as causas profundas e fundamentais de um problema ou questão.
Não estou, por óbvio, defendendo radicalismos insanos, inconsequentes e doentios ou qualquer fundamentalismo, mas a pureza de uma convicção segundo expressa na Palavra de Deus. Respeito e obediência aos ensinamentos de Jesus durante seu ministério e registrados nos Evangelhos.
Nesse sentido, precisamos pensar sobre nossa jornada espiritual, quando nos deparamos com desafios que exigem uma “postura radical” para preservar a pureza de nosso cristianismo. Não podemos abrir mão de valores que sabemos ser inegociáveis, como a fé em um único Deus, a lealdade, e as ordenanças bíblicas tais como estão nas Escrituras, etc.
Em momentos essenciais, a radicalidade se revela como uma ferramenta vital para manter-nos alinhados com os propósitos que Jesus tem para nossa vida e ministério. Em seu livro “Louco amor”, o pastor Francis Chan destaca que o amor de Deus por nós é incompreensível e radical. Ele nos ama apesar de nossas falhas e pecados, e este amor é tão intenso que nos transforma e nos chama a uma vida de entrega total a Ele. Viu? Deus é radical quando se trata de nos amar! (risos).
Jesus foi radical com uma figueira cujo propósito era produzir figos, mas quando ele foi apanhá-los, ela nada tinha. Em Marcos 11:12-14, lemos: “No dia seguinte, quando saíram de Betânia, Jesus teve fome. Vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi até ela para ver se encontrava alguma coisa. Quando chegou perto, só encontrou folhas, porque não era tempo de figos. Então ele disse à árvore: ‘Nunca mais alguém coma dos seus frutos’.”
Essa passagem serve para nos ensinar que como seguidores de Jesus precisamos produzir frutos espirituais em nossas vidas e sobre as consequências da esterilidade espiritual. Também destaca a importância da fé e da confiança em Deus, mesmo quando enfrentamos dificuldades ou situações aparentemente sem sentido.
Como alguém disse: “A fé não é a ausência de dúvidas. É decidir que algo é maior do que as dúvidas”. Ser radical não é apenas uma ação, mas uma atitude de comprometimento com a verdade e com a própria essência.
Em sua obra O Evangelho Segundo Jesus, o teólogo John MacArthur destaca a necessidade de uma abordagem radical diante das adversidades espirituais. Aqui faço uma paráfrase: “O verdadeiro discípulo está disposto a renunciar a tudo, até mesmo à própria vida, em nome da verdade e da justiça”. Esta postura radical é fundamental para preservar a integridade espiritual e evitar que influências nocivas se estabeleçam em nosso caminho.
E ainda, ser radical em nossa jornada espiritual ou de fé, nos preserva. Paulo fala à Igreja de Éfeso, cidade conhecida por adorar a deusa Diana e, portanto, estarem sujeitos a titubear em nossos conceitos e valores: “O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro” (Efésios 4:14).
A radicalidade espiritual também encontra eco nas palavras do renomado poeta Samuel Taylor Coleridge, que disse: “O Cristianismo não é uma teoria ou especulação, mas uma vida; não uma filosofia de vida, mas uma vida e um processo vivo”. Ser radical significa viver de acordo com os princípios divinos, sem concessões ou compromissos que possam desviar-nos do caminho da verdade.
Ao longo de nossas jornadas, nos deparamos com influências que buscam desviar-nos da rota traçada pelo Pai. No entanto, como salientou o psicólogo Viktor Frankl em sua obra “Em Busca de Sentido”, somos responsáveis por encontrar significado mesmo nas situações mais adversas. Assim, ao sermos radicais na defesa da verdade e na busca pela vontade do Pai, impedimos que árvores que Ele não plantou se estabeleçam em nosso caminho, garantindo uma jornada espiritual plena e edificante.
Como disse Paulo, em sua carta aos Romanos: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”.
O Pai ama você!
Darci Lourenção
Darci Lourenção é psicóloga, pastora, coach, escritora e conferencista. Foi Deã e Professora de Aconselhamento Cristão. Autora dos livros “Na intimidade há cura”, “A equação do amor”, “Viva sem compulsão” e “Devocional Minha Família no Altar”.
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